22 agosto 2006


O nazismo no século XX, retomou toda série de preconceitos, discriminações e perseguições dos séculos anteriores, tentando assim uma campanha de extermínio como nunca antes empreendida.Desde 1933, a imprensa nazista começou a acentuar que os ciganos e judeus eram raça estrangeira, inferior, e que teriam "contaminado" a Europa como um corpo estranho.As autoridades nazistas com o apoio da generalizada antipatia contra os ciganos, puderam facilmente percorrer a via do extermínio desse povo, associando sempre nos discursos e escritos o binômio judeus e ciganos. O primeiro grito de alarme oficial para o mundo cigano se fez ouvir a 17 de outubro de 1939, quando Heydrich, a mando de Hitler proibiu-os de abandonar seus acampamentos. Nos três dias seguintes, após recenseamento, foram transferidos para campos de concentração, esperando serem enviados à Polônia. Mas já em 1936 tinha começado para os ciganos a via sacra dos campos de concentração, ainda que com escopos diversos. Dachau foi um de seus primeiros campos de concentração. Eram internados com a qualificação de "elementos associais". Sofriam então medidas disciplinares duríssimas. Nesse ínterim a propaganda contra os ciganos se tornava sempre mais áspera. Em novembro de 1941 lançou-se o slogan: "Depois dos judeus, os ciganos!" A 24 de dezembro de 1941, o governador civil Lohse envia uma ordem reservada a todas as SS, afirmando que os ciganos são duplamente perigosos, tanto pelas doenças de que são portadores como pela sua deficiência, prejudicando assim a causa nazista. Ao termo do comunicado, a decisão: "Decidi portanto que sejam tratados como os judeus" (Carta de 7 de julho de 1942, no arquivo Yivo). A 25 de agosto de 1942, quando aumentaram as pressões sobre os ciganos, em um boletim do Comando de Polícia se lia, entre outras coisas que se dizia dos ciganos: "é pois indispensável exterminar esse bando integralmente, sem hesitar". Soldados nazistas prendendo cigana com uma criança no colo. Essas medidas disciplinares, encontradas em boletins, cartas e telegramas, apenas codificam uma praxe já iniciada: com efeito, desde 1941 tinham começado as deportações em massa dos ciganos. Chegaram a Lodz, em outubro de 1941, cinco mil ciganos, entre os quais mais de 2.600 crianças. Foram todos internados por grupos de famílias. Os testemunhos nos dizem que as janelas das barracas estavam quebradas, enquanto o inverno era extremamente duro. No campo não havia medidas higiênicas nem assistência médica. Duas semanas depois da chegada dos nômades, irrompeu uma epidemia de tifo, e em dois meses morreram mais de 6oo adultos e crianças. Os sobreviventes entre março e abril de 1942, foram deportados para Chelmo, e ali assassinados nas câmaras de gás.Desde então até 1946 se multiplicam os testemunhos: massacres coletivos, mortes individuais, tortura de todo o tipo, experimentos químicos e médicos dos mais cruéis. E todas essas crueldades ocorriam nos diversos campos de concentração. Eis os nomes de alguns desses campos: Auschwitz, Birkenau, Mauthausen, Rabensbruch, Buchenwald, Chelmno, Lodz, Dachau, Lackenbach, Sachsenhausen. Vamos agora examinar um pouco mais de perto o mais tristemente famoso desses campos: Auschwitz. A esse campo chegam ciganos de toda a parte, até aqueles para os quais não se podia prever de modo algum o confinamento.Alguns com efeito estavam em licença da frente militar, muitos tinham no peito condecorações de combate e no corpo feridas de guerra. Havia um só motivo para seu confinamento: serem ciganos ou terem algum sangue cigano. Chegavam ao campo homens, mulheres e crianças. Particularmente impressionante o depoimento sobre a retirada de crianças de Buchenwald, para serem levadas para Auschwitz. Eram crianças ciganas da Boêmia, dos Carpatos, da Croácia, do Nordeste da França, da Polônia meridional e da Rutênia.
Bárbara Richter, menina cigana, assim depõe: "Até os prisioneiros mais afeitos a esses horrores sentiram enorme tristeza quando perceberam que os SS iam tirar um por um os pequenos judeus e ciganos, reunindo-os em um só rebanho. Os meninos choravam e gritavam, tentavam freneticamente voltar para os braços dos pais ou dos protetores que tinham encontrado entre os prisioneiros, mas envolvidos por um círculo de fuzis e metralhadoras, foram levados para fora do campo e enviado para Auschwitz, onde morreriam nas câmaras de gás". Auschwitz. No campo de concentração nem todos eram enviados à câmara de gás, muitos iam para os trabalhos forçados. No capo estas eram as condições: "No setor cigano erguiam-se grandes cabanas com uma abertura à frente e outra atrás. Serviam como portas. Nos compartimentos internos achavam lugar a uma única mesa grande cinco ou seis pessoas. As condições higiênicas eram desastrosas quase não havia instalações sanitárias... Parecia um estábulo para cavalos, sem janelas... Os prisioneiros se moviam em meio a seus próprios dejetos até os calcanhares".Respondendo a uma observação, por insuficiência de calorias, um oficial comentou: "Mas no fundo são apenas ciganos!" Quem mais sofria eram as crianças... Como depôs alguém: " As crianças eram pele e ossos. A pele, em consequência, se enchia de feridas infecciosas. Por causa da falta d'água, as crianças chegaram a beber água servida; nas poucas vezes em que os cobertores eram lavados, vinham de volta para a enfermaria ainda molhados."As crianças sofriam de estomatite cancrenosa... parecia lepra...seus corpinhos iam se desfazendo, bocas espantosas se abriam nas faces, e lá dentro se podia observar a lenta putrefação da carne viva". Só no campo de Aushwitz, os ciganos regularmente matriculados foram 20.933, incluindo 360 crianças nascidas no campo de concentração, e que viveram o bastante para receberem número de matrícula.
A estes se devem somar mais de 1.700 ciganos mandados para a câmara de gás, assim que chegaram da Polônia em março de 1943, e que nem tinham recebido ainda o número de matrícula. Durante uma simulação de ataque aéreo noturno, foram todos mandados à câmara de gás, "por suspeita de serem portadores de tifo". Aos 29 de maio de 1943, 102 ciganos foram arrastados para fora de suas instalações e levados para a câmara de gás.
Esses testemunhos, que poderiam se multiplicar quase no infinito, culminariam no massacre final, narrado por quem assistiu à matança de quatro mil ciganos, no começo de agosto de 1944: "A sirena anunciou um princípio de um rigoroso toque de recolher. Os caminhões chegaram por volta das 20 h. Os ciganos tinham previsto o que estava para acontecer, mas os alemães fizeram de tudo para confundir as idéias: ao saírem dos acampamentos, os ciganos recebiam uma ração de pão e salame, e muitos assim acreditaram que se trataria simplesmente de transferência para outro campo". Podíamos ouvir, quando os últimos e horríveis instantes, irromperam no acampamento e se lançaram contra mulheres e crianças e anciãos, alemães armados e auxiliados por cães. De repente o ar foi rasgado pelos gritos de um garoto que em theco suplicava: Eu lhe peço, senhor SS, me deixe viver!" "A única resposta que teve foram os golpes de cassetete. Por fim, foram todos jogados, em montes, no caminhão e levados ao crematório. Houve ainda quem tentasse resistir, invocando a nacionalidade alemã" (Kraus e Kulka).
Prisioneiros ciganos em Dachau. Houve cenas de cortar o coração: mulheres e crianças se ajoelharam diante de Mengele e borger, gritando; "Piedade! Tenha piedade de nós! Em vão. Foram abatidos a coronhadas, pisados, arrastados ao caminhão, levados à força. Foi uma noite horrível, alucinante. Na carroceria foram jogados os que também já tinham morrido sob os golpes da clava . Os caminhões chegaram ao bloco dos órgãos por volta de 22h30min e ao isolamento por volta de 23hs. Os SS e quatro prisioneiros levaram para fora os enfermos, mas também 25 mulheres em perfeita saúde, isoladas com os respectivos filhos (Aldesberger,p.112-13).Por volta de 23hs chegaram outros caminhões diante do hospital, num só caminhão colocaram cerca de 50 a 60 presos e foi assim que chegaram até a câmara de gás. "Ouvi os gritos até altas horas da madrugada, e compreendi que alguns tentavam opor resistência. Os ciganos protestavam, gritando e lutando até a madrugada... Tentavam vender a vida a um alto preço (Dromonski, no processo por Auscwitz). Depois, Gober e outros percorreram os quartos um por um tirando dali as crianças que tinham se escondido. Os menores foram arrastados até os pés de Boger, que os agarrava pela perna e os jogava contra a parede... Vi esse gesto se repetindo-se umas cinco, seis e sete vezes(Langhein).A certa altura aproximou-se de mim um oficial SS e mandou que escrevesse uma carta que tinha por assunto "tratamento especial executado". Ele mesmo arrancou violentamente a carta da máquina, assim que terminei de datilografá-la. Quando se fez dia no acampamento, não havia de pé um só cigano (Testemunho Stenber-Longhein, 1965). As estimativas mais próximas falam de ao menos meio milhão de ciganos mortos e cerca de 6 milhões de judeus.
Sabemos que esses dados são inferiores às cifras reais, pois muitos foram mortos antes mesmo de serem matriculados. Artigo de Oswaldo Macedo ( Taro Caló), presidente de honra do centro de Estudos ciganos. Médico, foi professor de medicina na Sorbonne, tem formação beneditina e foi indicado para a Academia Internacional de Letras(RJ). Em seu livro Alemanha e Genocídio, o historiador Joseph Billig distingue três tipos de genocídio: por eliminação da capacidade de procriar, por deportação e por extermínio. No hospital de Dusseldorf-Lierenfeld foram esterilizadas ciganas casadas com não-ciganos, algumas das quais morreram por estarem grávidas. Em Ravensbruck os médicos da SS esterilizaram 120 meninas ciganas.Um exemplo do segundo tipo de genocídio foi a deportação de 5 mil ciganos da Alemanha para o gueto de Lodz, na Polônia. As condições de vida eram ali tão desumanas que ninguém sobreviveu.Mas o método preferido dos nazistas era o extermínio. A decisão de exterminar os ciganos, ao que parece, foi tomada na primavera de 1941, quando se criaram os Einsatzgruppen ou pelotões de execução. Povo antigo, porém prolífico e cheio de vitalidade, os ciganos tentaram resistir à morte, mas a crueldade e o poderio de seus inimigos prevaleceram à sua coragem. O amor à música serviu-lhes por vezes de consolo no martírio. Famintos e cobertos de piolhos, eles se juntavam diante dos hediondos barracões de Auschwitz para tocar música, encorajando as crianças a dançar. Há testemunhas da coragem dos ciganos que militaram na Resistência polonesa, na região de Nieswiez. Segundo elas, os combatentes ciganos se lançavam sobre o inimigo fortemente armado empunhando apenas uma faca. São decorridos 60 anos desde o genocídio dos ciganos. Já é tempo de denunciar esse crime abominável. Estas linhas pretendem tão somente evocar terrível injustiça cometida contra os ciganos.

Texto de Myriam Novitch, diretora do Museu dos Combatentes dos Guetos, fundado no Kibutz Lohamel Haghetaot por um grupo de sobreviventes do Gueto de Varsóvia.

http://groups.msn.com/CiganosAcaravanadeLuz/_whatsnew.msnw

17 julho 2006


Trechos da entrevista com o cigano Lourenço Ferraz do Grupo de Dança Cigana Amor Cigano De Florianópolis - Santa Catarina.
Alma cigana: Como é a violência que vivemos hoje em dia para povo cigano?
Lourenço Ferraz: os ciganos são os únicos povos na história que nunca fizeram guerras, nunca lutaram por terras, e nem com seus irmãos, nunca mataram em nome de Deus, mas nos mataram em nome dele. Queimaram nossas mulheres e jovens nas fogueiras da inquisição, escravizaram nossos homens nas gales dos navios, e na moldavia. Na segunda guerra mundial meio milhão de ciganos foram mortos nos campos de concentração e no entanto continuamos a cantar, dançar e a pregar o amor.
Alma cigana: O que representa a Taça para os ciganos?
Lourenço Ferraz: Através de símbolos, todo o manancial de encanto e magia pode se revelar com a dança cigana. E essa alquimia transforma em respeito as mais antigas e sagradas tradições, num clima envolvente de fascínio e mistério. O cálice simboliza a sabedoria e o conhecimento da verdade, derramando honras ao Divino, como um sacrário que habita em cada um de nós.
Alma Cigana: Fale sobre o seu grupo de dança.
Lourenço Ferraz: o nosso grupo de dança Amor Cigano de Florianópolis, que é coordenado por mim Lourenço Ferraz, é o único grupo no estado de Santa Catarina, a ser apoiado pelo Centro de Tradição Cigana do Brasil, que e filiado a UNESCO (União Cigana do Brasil), filiada a ONU e a INTERNACIONAL ROMA FEDERATION, que tem por objetivo resgatar e valorizar a saga e a cultura de um povo através da dança.
O Sr. Lourenço Ferraz é filho do cigano Jorge Nicoli - Presidente do centro de tradiçao cigana do Brasil
(kalissa -12/07/06)

03 julho 2006

Ser Cigano



Ser Cigano é respeitar a liberdade, a natureza e acima de tudo a vida
É viver e deixar viver
É ter a lucidez de saber esperar
É não esgotar todos os recursos
É preferir morrer com honra, do que viver desonrado
É ter como lema ser feliz
É agradecer as pequeninas coisas da vida
É dignificar seus velhos
É glorificar suas crianças
É respeitar os povos e as coisas que se desconhece
É nunca contestar a Justiça Divina
É acima de tudo amar e respeitar Deus e Seu filho
Jesus Cristo, nosso grande Mensageiro.


Rorarni / Mirian Stanescon

28 junho 2006

Machismo Cigano?


Machismo Cigano
O dito machismo entre as culturas ciganas é assunto bastante polêmico... Bom, o que podemos dizer é que, na maior parte das vezes, esta afirmação é verdadeira.
O homem ocupa a função de patriarca, de chefe da família, na maioria dos grupos ciganos, sendo que deve ser respeitado como tal. À mulher cabe o cuidado para com os filhos e o marido, assim como os afazeres domésticos. E, olhando por este prisma, realmente veremos a sociedade cigana como extremamente machista.
No entanto, ao encararmos por um outro ângulo veremos que também cabe ao homem cigano proteger a família, assim como ser o braço forte no âmbito familiar. Também este homem deverá ser a sua esposa não só fiel, como também ser seu apoio e segurança. Às mulheres cabe o papel de transferir ao marido e aos filhos a docilidade feminina, assim como incentivar o companheirismo e o amor familiar.
Vamos dizer que os papéis são muito bem definidos entre homens e mulheres e, que, de certa forma, pode-se concluir que o dito machismo cigano pode apenas tratar-se de uma questão de ponto de vista.
E você... O que pensa sobre isso?
(Lyanka Alexys)

Sobre Dança Cigana


A Dança Cigana

A dança cigana praticada tanto por mulheres, quanto homens é hoje uma mistura da danças de vários povos (espanhóis, árabes, hindús, russos, eslavos, etc), com os quais os ciganos tiveram contato, somados aos seus próprios elementos de bailado. A dança foi aperfeiçoando-se e ganhando mais e mais elementos, adquirindo assim um caráter único e incomparável.
Dentro do bailado cigano é priorizada tanto a feminilidade às mulheres, bem como a masculinidade aos homens dentro de cada estilo musical, de acordo com a procedência do cigano. É também um estímulo a sensibilidade, já que, o cigano dança expondo as suas emoções e sentimentos, expressando-os através de seu balé, encantando as platéias do Mundo todo com sua expressividade.
Fornece assim aos seus praticantes uma forma agradável de equilíbrio entre o corpo e a mente, aliando a atividade física ao trabalho positivo das emoções e da sensibilidade. Além da beleza da arte da dança cigana que, por si só, já é grandiosa.

Os Instrumentos na Dança Cigana

Em se tratando de dança cigana podemos observar o uso da vários instrumentos agregados ao bailado., variando de acordo com a procedência deste mesmo bailado. Estes instrumentos podem ter um caráter ritualístico ou não dentro da cultura cigana, representando sim, uma mensagem a ser passada seja ela emocional ou mística. Os mais comuns instrumentos que encontramos são:


- Cesto
- Tacho
- Véu
- Lenço
- Flores
- Pandeiros
- Espadas
- Punhais
- Xale
- Leques
- Incensos


O mais importante, no entanto, é frisar que a dança cigana pode ser praticada por adultos, crianças ou idosos já que facilmente adapta-se aos critérios de seus praticantes. É finalmente capaz de transmitir a beleza, a alma, a alegria da contagiante arte dos ciganos! Optchá!
(Lyanka Alexys)

Sobre Santa Sarah


Santa Sarah Kali
Santa Sarah é considerada pela maioria dos clãs ciganos a sua padroeira, a sua protetora, a sua defensora e mediadora junto de Deus. Também entre os meios gadjôs (não-ciganos) é esta santa bastante cultuada, sendo ou não admiradores da cultura cigana estes devotos. Prova disso é a grande peregrinação a região de Camargue, na França, em Les Saintes Maries de La Mer que anualmente ocorre durante o mês de Maio, quando no dia 24 e 25 é comemorado o dia de Santa Sarah. E isso a despeito do fato de Santa Sarah não ser reconhecida como santa pela Igreja Católica.Reza a lenda que Santa Sarah era uma escrava de origem egípcia, pertencente a José de Arimatéia e que junto de Maria Jacobé, Maria Madalena, Maria Salomé e Trofino tenham sido atirados ao mar em um barco sem remos ou provisões. Todos desesperaram-se mediante tal situação, enquanto Sarah clamou por Deus e à assistência divina, prometendo a Cristo que cobriria sua cabeça, em sinal de respeito, com um diclô (lenço) enquanto vivesse. Nascendo daí a tradição de que as mulheres casadas ciganas usem o diclô em reverência a união abençoada do matrimônio.Tendo, pois, aportado em segurança, às margens do Rio Ródano, atualmente a região de Saintes Maries de La Mer, cumpre Sarah a sua promessa. Também conta o mito de que Sarah, por sua intercessão, foi liberta por José de Arimatéia e dedicou seus dias ao cuidado para com os necessitados e enfermos e a pregar os ensinamentos e a doutrina cristã.A mitologia cristã de Santa Sarah foi unida a crença na deusa Hindu Kali, que em Romany(língua cigana) quer dizer “negra”, dada a sua origem egípcia. Daí surge a tradição das oferendas de alimentos, incensos e flores a esta santa, além das velas comuns a religião católica.É comum que nas casas e tendas ciganas exista um altar dedicado a Santa Sarah, destinado aos pedidos, às orações, a proteção do lar e da família, a prosperidade, bem como para que as energias positivas estejam sempre presentes. E nas slavas, festas religiosas, Santa Sarah ocupará o centro da mesa do festejo, em destaque, junto do manrô (pão), sal, frutas, água, vinho, tchaio (chá cigano) e flores, que posteriormente serão consumidos pelos convivas, imantados pelas melhores energias.
O Altar para Santa Sarah
Cada item que consta no altar a Santa Sarah tem uma significação especial, sendo que este significará a sua ligação com as energias superiores, com o Altíssimo. Em lugar sossegado de sua casa, utilize-se de uma toalha clara que simbolizará a pureza de sentimentos, pão (fartura), sal (defesa energética), vinho tinto (celebração da vida e saúde), água potável(descarrego de energias pesadas, bem como a representação do elemento água), chá cigano(fertilidade), 03 moedas (prosperidade), incensos (representação da energia do ar e do fogo), velas (fogo e ligação com o Divino), flores (doçura, paz) e frutas (especialmente maçã – que simboliza o amor em geral). As imagens são opcionais, bem como a utilização de punhais (abertura dos caminhos e corte de influências negativas) e dos cristais e pedras (potencializadores das energias positivas). Todos os elementos do altar deverão serem descartados antes que se estraguem ou assim que forem utilizados (como no caso do incenso e das velas).
ORAÇÃO DE SANTA SARA KALI
Sara, Sara, Sara, fostes escrava de José de Arimatéia, no mar fostes abandonada (pedir para que nada nos abandone: amor, saúde, felicidade, fé, amigos, dinheiro...).Teus milagres no mar se sucederam e como Santa te tornastes; à beira do mar chegastes e o ciganos te acolheram. Sara, Rainha, Mãe dos Ciganos, ajudaste e a ti eles consagraram como sua protetora e mãe vinda das águas. Sara, Mãe dos Aflitos, a ti imploro proteção para o meu corpo, luz para os meus olhos enxergarem até no escuro (pedir forças para os seus olhos, vidência), luz para o meu espírito e amor para todos os meus irmãos, brancos, negros, mulatos, enfim, a todos os que me cercam.Aos pés de Maria Santíssima, tu, Sara, me colocarás e a todos que me cercam para que possamos vencer as agruras que a terra nos oferece.Sara, Sara, Sara, não sentirei dores nem tremores, espíritos perdidos não me encontrarão e assim como conseguistes o milagre do mar, a todos que me desejarem mal, tu com as águas me fará vencer (quando a pessoa não está bem e querendo resolver algo muito importante, nesse momento, beber três goles de água).Sara, Sara, Sara, não sentirei dores nem tremores e continuarei caminhando sem parar, assim como as caravanas passam, no meu interior tudo passará e a união comigo ficará; e sentirei o perfume das caravanas que passam deixando o rastro de alegria e felicidade. Teus ensinamentos deixarás!Amai-nos Sara, para que eu possa ajudar a todos que me procurem, ajudados pelos poderes de nossos irmãos ciganos. Serei alegre e compreensiva(o) com todos os que me cercam.Corre no Céu, corre na Terra, corre no Mundo e Sara, Sara, Sara, estará sempre na minha frente.Assim como os ciganos pedem: Sara fique sempre na minha frente, sempre atrás, do lado esquerdo, do lado direito.E assim dizemos: somos protegidos pelos ciganos e pela Sara que me ensinará a caminhar e a perdoar.