12 julho 2009

Ser Cigano


Muito se diz sobre o povo cigano. Há sempre muita polêmica envolta de preconceito no que se refere a essa etnia, que na maioria das vezes nem é considerada etnia. Uns chamam de religião, outros de tribo, há quem chame de gente suja, ladrões, bruxos, contudo a verdade é única: essa etnia sofre preconceitos de todas as formas possíveis, seja qual for a nomenclatura utilizada, sempre nota-se um tom pejorativo, preconceituoso.
O fato mais lamentável nessa situação toda é que não só a “gadjença” lança mão desses termos, mas também alguns ciganos, que são tão ou mais preconceituosos que o povo gadjô.
Enfim, diante disso o que é verdadeiramente Ser Cigano?
É ter sangue cigano? Ou é seguir a tradição e a cultura desse povo milenar? É ter a alma e o coração ciganos?
Responder a essas perguntas realmente é muito difícil, pois mesmo dentro da própria etnia há controvérsias sobre essas questões. Sob a perspectiva antropológica e biogenética toda etnia é formada por pessoas que carregam as mesmas características, “mesmo sangue”. Sob esse aspecto é importante considerar que para ser cigano o fator primordial é ter sangue cigano. Porém a filosofia pregada dentro das tradições e da cultura considera que para ser cigano é necessário submeter-se aos rigores e seguir religiosamente todos os “mandamentos” dessa cultura riquíssima. Nos primórdios de sua existência, os ciganos nômades, assim como os atuais que ainda vivem em kumpanias (acampamentos) acolhem todos aqueles que necessitam de bem-estar, como moradores de rua, crianças abandonadas (daí a idéia de que cigano rouba crianças) entre outros que passam a ser ciganos pelo simples fato de estar inserido numa comunidade cigana e aceitar seguir rigorosamente a tradição.
Verdadeiramente, ser cigano vai muito além de apenas ser descendente de ciganos. Ser cigano significa honrar a Deus sobre qualquer coisa, dançar com alegria para agradecer ao Divino o dom da vida, é sentir-se livre para ir e vir, é festejar sempre, é lutar contra preconceitos, contra pessoas de má fé, contra todos aqueles que direta ou indiretamente tentam mostrar ao mundo que esse povo é maléfico. É sempre lutar contra as diferenças e ter força para ir adiante.
Contribuição Professora Dora Kavinsky

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